Bruno Pacheco
Um dois, esquerdo direito
de 24 de Março a
6 de Maio de 2022
Abertura dia 24 de Março das 15h30 às 19h
Bruno Pacheco (1974) é o artista da nona exposição da Galeria da Casa A. Molder.
Um dois, esquerdo direito é o título dessa exposição, pensada para a Galeria da Casa A. Molder.
Somos saudados por alguém que, em fotografias animadas e assim transformadas num vídeo, nos faz a continência. À primeira vista pode parecer um soldado; está vestido de verde tropa, tem um capacete e usa uma luva nessa mão que nos dirige um gesto que é, ao mesmo tempo, simbólico e determinado. Esse alguém é o artista. Agora, com mais atenção, vemo-lo apetrechado com godés de pintura em forma de capacete, uma camisola velha e uma luva, claramente também usadas no atelier, e este gesto começa a parecer-nos pueril e cómico.
É um assunto muito sério o da pintura, em particular a pintura de Bruno Pacheco. Tão sério que o leva, como nesta exposição e ao longo da sua carreira, a criar objectos escultóricos que são tão pictóricos e conceptuais quanto as suas pinturas.
A quem faz o soldado Pacheco a saudação, a continência? Ao público? À pintura, tal como ele viu na China os soldados fazerem o render da guarda ao retrato de Mao?
Na parede vemos um arco cor-de-rosa, com uma pala. Este rosa é uma cor que Bruno Pacheco criou para esta peça, anteriormente de exterior e que agora passa a ser de interior. É uma porta que nos convida a entrarmos numa parede; como uma pintura, como um objecto nonsense, como uma réplica de exterior do arco existente que divide as pequenas salas da galeria. Sobre a cor desta peça, diz: “se reparares, a cor destas grades (do atelier) fui eu que a criei, ela não existia e depois copiou-se para todos os outros estúdios”. Uma tarefa tão lógica quanto rara.
E o soldado Pacheco continua a fazer a continência.
Pequenas vitórias é uma peça em resina amarela, um amarelo que nos é familiar, pois vemo-lo na fita-cola de pintor. Esta peça é um outro arco exposto numa parede. É um arco que dá continuidade ao da sala, como se nos convidasse a entrar num corredor imaginário, a sair, abrindo o espaço confinado da exposição. Esta peça é feita usando como modelo as pequenas cunhas de madeira que se usam para fixar as grades das telas. Aqui, e mais uma vez, os objectos do quotidiano do pintor unem-se para criar algo novo. As pequenas e invisíveis peças, que geram estabilidade, foram congregadas pelo artista, que lhes deu grandeza escultórica ao transformá-las numa figura geométrica, sendo que esta é também pinturesca.
Podemos afirmar que a obstinação e a incapacidade de obedecer a essa figura de autoridade que é a pintura faz parte do trabalho de Bruno Pacheco, tanto como a total entrega e reverência com que ele vive a pintura.
E o soldado Pacheco continua a fazer a continência.
Um especial agradecimento a Gonçalo Jesus e Matteo Consonni.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja.
Vistas da exposição Um dois, esquerdo direito de Bruno Pacheco.
Carla Rebelo
Geologia de um lugar
de 4 de Fevereiro a
18 de Março de 2022
Abertura dia 4 de Fevereiro das 15h30 às 19h
Carla Rebelo (1973) é a artista da oitava exposição da Galeria da Casa A. Molder.
Geologia de um lugar é o título da instalação que vai ocupar as duas salas da Galeria e que dá título à exposição, nas palavras da artista “uma certa ideia de passagem do tempo neste lugar”.
As linhas de pregos existentes nas salas, que foram em tempos passados (quando a loja era também uma galeria comercial) usadas para pendurar quadros e gravuras, foram o mote para Carla Rebelo, que habitualmente trabalha em instalações e esculturas criadas para um sítio específico. Em cada parede, a artista contou 66 pregos e criou com fio branco, a partir do chão, na zona do arco que divide as duas salas, dois planos de rampa que se apoiam nestas linhas de pregos. A artista é precisa e conta “66 pregos em cada parede, 132 no total. Cada prego sustentará 2 fios, cada fio será suspenso por um peso de 40 gramas. 264 fios, 10,56 quilos. Estas são as coordenadas do espaço e do tempo da Geologia deste lugar.”
Em rigor, esta exposição é construída a partir das particularidades destas velhas salas. São elas a ditar a construção e a direcção dos fios que, embora leves e quase invisíveis, nos limitam no espaço e são uma força capaz de dar estrutura, uma estrutura tão perene quanto efémera.
Geologia de um lugar evoca também o desenho, não só dado pelas paredes de linhas, mas também pelas sombras que elas fazem no espaço. Por outro lado, observa-se ainda a fabricação dum tecido, tecido neste tear que é feito a partir deste espaço. Um tecido de tempo que já passou, que passou por nós e antes de nós. A história de um lugar. O tempo que vem antes de nós, a marcação da artista que assim deixa também a sua marca no espaço e constrói ela mesma a história deste lugar. Como boa aranha, Carla Rebelo apanha-nos na sua teia, esta compele que a contemplemos e ao fazê-lo confrontarmo-nos com o nosso próprio tempo e a nossa existência.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja.
Vistas da exposição Geologia de um lugar de Carla Rebelo.
João Belga
I'm Alive - Yet I'm Not Alive
de 9 de Dezembro de 2021
14 de Janeiro de 2022
Abertura dia 9 de Dezembro das 15h30 às 19h
João Belga (1968) é o artista que nos apresenta a sétima exposição da Galeria da Casa A. Molder. I’m Alive – Yet I’m Not Alive [Estou vivo – no entanto não estou vivo] são as palavras desenhadas numa tela de pequeno formato, a preto e branco, que dá título à exposição, com um grafismo a que a mão de desenhador exímio nos habituou. A escrita enquanto desenho, a destruição da mesma, o valor simbólico e assustador de todas as imagens e textos que nos rodeiam – a publicidade enquanto ordem vigente e manipuladora – são motes do trabalho de desenho e pintura de João Belga também presentes nesta exposição.
“Contaminação” é a palavra escolhida pelo artista para falar das obras aqui apresentadas. Trabalhos contaminados pelo período de 2020-2021, pelos sucessivos confinamentos, pelo medo, a falência e o caos que todos experimentámos colectivamente.
O artista recolheu-se ao seu espaço de trabalho (nas Caldas da Rainha), onde foram aparecendo três séries de pinturas de pequeno formato. Podíamos dizer, não tanto como uma reacção aos conturbados tempos vividos, mas como uma extensão dos mesmos. Nestas séries a densidade, a escuridão, o caos (falso caos) são tais que parece que o artista não só foi contaminado pelos tempos, mas que no seu papel de xamã, contaminou ele mesmo o mundo e que, ao deixarmo-nos envolver pelos seus trabalhos, caímos numa terra sombria e sem redenção.
Isto à primeira vista, porque as três séries de pinturas (duas a negro sobre o fundo branco, e não trabalhado, da tela e uma a branco sobre fundo pintado a negro), embora todas “contaminadas” dão-nos diferentes pistas:
Na Paleta Series, pintada muitas vezes com desenho automático, podemos distinguir letras, caveiras, restos de desenhos muito precisos, que foram sendo destruídos e transformados por sucessivas e densas camadas em diferentes tempos, bem como pelo facto de o artista usar algumas destas telas como paleta para outros trabalhos. Estes perduraram e dão-nos algumas respostas e alguma redenção se repararmos nos títulos, como é o caso de “White Light from the Mouth of Infinity” (título do álbum de 1991 dos Swans) ou de “On Some Faraway Beach” (título retirado do álbum Here Come the Warm Jets de Brian Eno). Na série Luz Negra a densidade do ruído desapareceu, mas fica o engano que nos leva a ver caracteres, falsos símbolos e até paisagens. A terceira série é toda ela menos tumultuosa, desenhada a partir de modelos e com composições claramente definidas, o que estranhamente não nos deixa num mundo menos sombrio do que as anteriores. Há ruído, há música e há humor.
Também encontramos esta relação com a música, que é uma força no trabalho de João Belga, na tela branca que partilha o título I’m Alive – Yet I'm Not Alive, um palimpsesto cujas noventa e uma camadas vão sendo lentamente desvendadas, como se se tratasse de um slide show das pinturas que compõem esta obra, no vídeo que o artista apresenta em simultâneo. A tela é um objecto conceptual e absolutamente contemporâneo, com a força mágica daquilo que está escondido. O vídeo, que mostra aquilo que foi tapado na tela branca, tem um tempo que não só nos permite ver cada uma das imagens aqui escondidas, como nos hipnotiza e manipula. Criado pelo colectivo DAS COOL ensemble, do qual João Belga faz parte, o som que envolve toda a exposição serve de banda sonora ao seu trabalho de atelier, tornando-nos ao mesmo tempo espectadores e artistas.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja.
Vistas da exposição I'm Alive Yet I'm Not Alive de João Belga
© Adriana Molder
Maria Condado
O Banho
de 28 de Outubro a
3 de Dezembro de 2021
Abertura dia 28 de Outubro das 15h30 às 19h
Maria Condado (1981) é a artista da sexta exposição da Galeria da Casa A. Molder.
O Banho é o título da pintura de grande dimensão, concebida para o espaço da galeria, que dá também nome à exposição.
Sobre O Banho, escreveu Maria Condado :
“Ao contrário do mito grego onde a deusa Artemisa (deusa da caça e dos animais selvagens), ao tomar banho com as ninfas, é surpreendida pelo olhar furtivo do caçador Actéon, na Galeria da Casa A. Molder esta figura prepara-se calma e solitariamente para o seu banho, como se vivesse num tempo suspenso antes de uma qualquer acção, ou de um qualquer ataque. Também o interior desta loja na Baixa de Lisboa aparenta viver num tempo suspenso, enquanto no seu exterior o mundo, onde todos somos caçadores, muda freneticamente.
Para esta exposição Maria Condado quis pintar uma única tela de grande formato. O tema das banhistas, neste caso a banhista, foi o seu mote. É um tema clássico da pintura ocidental, e faz-nos pensar em Artemisa, Diana, Vénus ou Susana. Só que não é certo que esta figura se vá banhar, pode mesmo dizer-se que tudo que a rodeia é mais vivo – uma espécie de confusão organizada que pertence àquilo que está vivo, um rodopio de ideias, de paisagens, de símbolos, ou, segundo as palavras da artista, “uma paisagem onírica, habitada por animais, forças e abstracções”– do que a Baigneuse, que é uma silhueta branca e não trabalhada. Também não é absolutamente certo que este contorno seja o de uma mulher, embora intuamos que seja a própria artista.
Os quatro elementos estão bem presentes nesta pintura, embora não representados duma maneira óbvia ou directa. Dir-se-ia que o banho é de terra e de ar e não tanto de água.
Nesta tela pintada a óleo e acrílico, Maria Condado oferece-nos várias “maneiras” de pintar e de desenhar. Este tipo de construção pictórica, que pode dar azo a muito equívocos, permite-nos entrar em O Banho por muitas frentes. É certo que o trabalho desta artista traz-nos habitualmente a paisagem, mas, aqui, encontramo-nos perante uma figura humana envolta numa paisagem, que é ao mesmo tempo delirante e absolutamente tranquila.
Há ainda um olho que vem da terra ou do tronco de uma árvore, será que é Actéon? Ou será que somos nós que observamos a banhista, a pintora, com o seu mundo escancarado à mercê do nosso olhar? Portanto, não nos enganemos: a força desta silhueta, absorta no pensamento duma acção perante a água, acaba por agarrar todo este delírio paisagístico, todos estes símbolos e toda a nossa capacidade de interpretação.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja.
Vistas da exposição O Banho de Maria Condado.
Francisco Tropa
Polaris
de 16 de Setembro a
22 de Outubro de 2021
Abertura dia 16 de Setembro das 15h30 às 19h
Francisco Tropa (1968) é o artista da quinta exposição da Galeria da Casa A. Molder.
Polaris é o nome da sua escultura, que dá nome à exposição.
Polaris é o nome científico da Estrela do Norte ou Estrela Polar, a estrela que parece fixa enquanto as outras andam à sua volta, a estrela que orienta os navegantes quase desde sempre, a estrela que nos orienta.
Num primeiro olhar, a escultura de Francisco Tropa parece em nada nos orientar, tal é o espanto que este objecto com forma irregular, face de muro, avesso de nuvem ou de barro, que emana luz, nos provoca. Aqui, o buraco no muro não serve para espreitar, mas sim para irradiar luz. A luz intermitente é uma força hipnótica e fria que confere brilho à escultura, mas também nos ofusca.
Pode dizer-se mesmo que Polaris, jazendo no seu plinto pintado, como se fosse a continuação da parede, exposto tal como um artefacto caído do céu, nos confunde: É aquele pedaço de muro leve ou pesado? É feito de barro, de cimento, de bronze?
Será um adereço que pertence a uma peça, cuja grandeza nos transcende, pois é a própria vida? Irá ali ficar em permanência, enquanto nos rege por um compasso luminoso, lembrando-nos que a arte não poderá nunca ser explicada, mas sim respondida?
Nas palavras do artista, a resposta é um poema de John Keats:
“Bright star, would I were stedfast as thou art”
Bright star, would I were stedfast as thou art—
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors—
No—yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever—or else swoon to death.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja. O espaço da galeria está limitado a 3 pessoas.
Vistas da exposição Polaris de Francisco Tropa.
BÁRBARA FONTE
Pústula
de 8 a 30 de Julho e
de 1 a 10 de Setembro de 2021
Abertura dia 8 de Julho das 15h30 às 19h
Bárbara Fonte (1981) é a artista da quarta exposição da Galeria da Casa A. Molder.
Pústula é o título do vídeo, realizado para o espaço da Galeria, que dá o nome à exposição. Este vídeo, que começou com uma vontade da artista de “trazer o mundo rural (Bárbara Fonte tem o seu atelier em Paredes de Coura) ao centro da cidade”, depressa se transformou, como é habitual nos seus vídeos, numa narrativa pessoal em que o quotidiano de um corpo (sempre o da artista) vai desenvolvendo através de diversas acções, que lhe parecem ser inatas tal é a intimidade que sentimos entre o corpo e a câmara, a construção de um tempo.
Nestas acções, podemos distinguir a alegoria, os rituais religiosos, a desconstrução de imagens cinematográficas, o amor que a artista tem à pintura ocidental do final da Idade Média, a sensualidade, entre outros. O léxico visual de Bárbara Fonte é muito preciso; assim são os seus adereços, que ela mesmo constrói e com os quais convive no seu espaço de trabalho, uma espécie de gabinete de curiosidades. Eles são mantidos em pequenas vitrines, todas elas cheias de objectos inspiradores e poéticos.
Em Pústula, a solenidade nas acções filmadas de Bárbara Fonte é por vezes levada ao cómico, como faz um palhaço sério. Do acto solene jorra uma gargalhada. A gargalhada é libertadora, mas deixa-nos vulneráveis e revela a força da artista. Pode dizer-se que o trabalho de Bárbara Fonte vomita, enquanto arranca e vira do avesso a norma, para além de oferecer uma estranheza e uma crueza visual desconcertantes.
Assim são também os seus desenhos, apresentados nesta exposição, feitos a pincel com tinta-da-china sobre papel canson, onde bocas sorridentes se misturam com formas quase sempre orgânicas, onde vemos aquilo que queremos ou conseguimos ver: de úteros a ursinhos de peluche, naturezas mortas, vulvas, entre muitas outras coisas. Feitos a partir de memórias ou de pequenos modelos existentes, são de certo uma parte importante do trabalho desta artista, que tem o Desenho como disciplina central do seu trabalho, incluindo os seus vídeos e as suas fotografias.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja. O espaço da galeria está limitado a 3 pessoas.
Imagens da Exposição Pústula de Bárbara Fonte. Desenhos de dimesões variáveis, tinta-da-china sobre papel canson, 2021.
Vídeo: Stills de Pústula, vídeo 16:9 (imagem digital), 1´21´´, Braga e Paredes de Coura, 2021. © Bárbara Fonte
RUI CHAFES
Início permanente
de 28 de Maio a 2 de Julho de 2021
Abertura dia 28 de Maio das 15h30 às 19h
Rui Chafes (1966) é o artista da terceira exposição da Galeria da Casa A. Molder.
Início permanente é o título da escultura em ferro que dá nome à exposição, e foi criada para o espaço da galeria. Segundo o artista, "Início permanente é o tempo em suspensão onde a vida e a não-vida, a morte e a não-morte, encontram a sua origem, o seu ponto de partida."
A escultura em ferro jaz no chão de madeira, na penumbra. É a forma feminina da origem do mundo, mas é escura, pesada e não sabemos se traz com ela a vida. Pode ser um crânio putrefacto dentro duma armadura que brota da terra, tal como uma semente germinada, uns dias depois da batalha. Há a esperança que talvez seja um portal, uma sombra que nos leve para um outro mundo ou, melhor ainda, que nos traga de volta a este.
O trabalho de Rui Chafes é deste mundo. É de fogo e é em ferro. O escultor que trabalha em séries, que se prolongam no tempo, e vê as suas esculturas como sombras, acredita que a origem da arte foi a tensão entre o sagrado e o profano e que devemos saber qual o nosso destino na terra. Com Início permanente, traz-nos uma nova escultura e, assim, mais uma expansão da linguagem da arte.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja. O espaço da galeria está limitado a 3 pessoas.
Vistas da exposição Início permanente de Rui Chafes.
ANA CATARINA FRAGOSO
As Montanhas Por Entre Os Dedos
de 22 de Abril a 21 de Maio de 2021
Abertura dia 22 de Abril das 15h30 às 19h
A segunda exposição da Galeria da Casa A. Molder traz-nos o trabalho de
Ana Catarina Fragoso (1984). Segundo a artista, “As Montanhas Por Entre Os Dedos” – o título da exposição – “é uma instalação de pintura idealizada para o espaço da Galeria da Casa A. Molder. É um movimento entre duas paisagens dunares, onde é dia e quase de noite e caminhamos do mar para a terra.”
Há um confronto nestas paisagens, uma de areia, outra com vegetação, em dois momentos muito particulares no tempo, o dia pleno e a incandescência do cair na noite. A luz do dia que cega e o entrar na penumbra que, ao invés de cegar, nos leva a ver, por um momento escasso, um turbilhão de cores e memórias. É um confronto entre a aridez e a abundância, entre o metal e o papel. Sendo que a aridez moldável da representação das montanhas de areia, erótica, naquela luz plena, fixada na solidez do metal, nos pode levar a vaguear. Já a abundância da luz que se extingue, fixada na leveza do papel, é um espectáculo que nos obriga a permanecer ali.
São pinturas, são representações de paisagens escolhidas por Ana Catarina Fragoso. A artista encontra os seus modelos nos passeios que faz com a sua máquina fotográfica e com esse mesmo intuito. Depois, num ecrã luminoso, os seus dedos ampliam essas mesmas paisagens, até ao encontro de cores imperceptíveis a olho nu e destreinado. Pintadas no chão, com acrílico, na horizontal, uma sobre metal e outra sobre papel, estas pinturas inéditas encontram aqui, no espaço da galeria da Casa A. Molder, e na sua posição final, vertical, um confronto e uma nova convivência com o nosso corpo e com o nosso olhar.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja. O espaço da galeria está limitado a 3 pessoas.
Vistas da exposição As Montanhas Por Entre Os Dedos de Ana Catarina Fragoso.
GUSTAVO SUMPTA
Luto
de 19 de Novembro a 8 de Janeiro de 2021
Abertura dia 19 de Novembro das 15h30 às 19h
A Galeria da Casa A. Molder inaugura com a exposição Luto de Gustavo Sumpta (1970).
Luto é o título da escultura efémera que foi realizada especialmente para as salas da Galeria da Casa A. Molder e que dá o título à exposição. A escultura envolve e limita o espaço, propondo uma interacção atenta com o espectador. Nas palavras do artista, que usa frequentemente como material das suas esculturas fita de cassetes de VHS, um material de registo magnético obsoleto: “Esta escultura é apresentada como se do resíduo de uma performance se tratasse. Elogia-se o movimento contínuo e repetido. Aqui o Luto é a metamorfose do pranto”.
A exposição estará aberta ao público durante a semana, no horário da tarde da Loja: das 15h30 às 19h, e aos fins-de-semana e Feriados por marcação. A entrada para a Galeria faz-se pela loja.
Covid-19
Obrigatório o uso de máscara e desinfecção das mãos à entrada da loja. O espaço da galeria está limitado a 3 pessoas.
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